No artigo escrito por India Wright em janeiro de 2021, após pouco mais de um ano da descoberta e disseminação do COVID-19, ela busca ressaltar os aspectos políticos que envolvem a tentativa de caracterizar seu enfrentamento como sendo equivalente ao tratamento dado à alguma eventual guerra, chamando atenção ao ressaltar que esta visão pode ser, ao mesmo tempo, tanto vantajosa quanto também problemática. A princípio, ela cita precedentes históricos de combate a outras doenças infectocontagiosas de forma a corroborar o argumento de defrontação à uma guerra, tais como HIV/ AIDS,e H5N1; adicionado ao fator que de, dentro da própria temática de segurança, há abordagens que a relacionam às crises globais de saúde. Conforme ela sintetiza, “The methods of labelling the virus as a security issue range from merely identifying COVID-19 as a threat, to declaring war”.
Logo, num primeiro momento, pode-se perceber certa vantagem em se assimilar o vírus à uma ameaça de guerra, uma vez que, como desdobramento disso, tem-se a culminância de esforços direcionados para a efetiva resolução de tal problemática. Entretanto, o ponto negativo da adoção desta diretriz se deve ao fato de que, dado que, dado o pensamento por parte dos países de que o cenário é de guerra, há a culpabilização de outros atores por eventos ocorridos, dentre outros fatores, o que acaba por enfraquecer a cooperação internacional, que deveria prevalecer neste tipo de enfretamento. Como Wright afirma, “Designating the virus as a security issue is a political move which frames global health debates in ways which do not assist with the end goal of international health cooperation. If the WHO is calling for “solidarity within and between countries,”then referring to COVID- 19 as a war (thus encouraging the identification of enemies and use of violence) decreases the potential for a coordinated global effort in responding to the challenges the pandemic poses.”
Enviado por Dâmares Bernardino
Artigo disponível em E-IR: https://www.e-ir.info/2021/01/10/are-we-at-war-the-politics-of-securitizing-the-coronavirus/