A China tem enviado vacinas contra a COVID-19 tanto para o Governo Militar de Myanmar quanto para seus maiores inimigos, os rebeldes mianmarenses. Isso se dá em meio a um cenário em que o sistema público de saúde de Myanmar entrou em colapso após o golpe militar ocorrido no país em 01 de fevereiro deste ano de acordo com esta notícia do New York Times (https://www.nytimes.com/2021/06/12/world/asia/myanmar-coup-doctors-health.html). Após a tomada dos hospitais públicos de Myanmar pelos militares, grande parcela dos médicos que trabalhavam nestes abandonaram seus postos em protesto contra o golpe, e passaram a atuar em hospitais particulares ou em clínicas no subterrâneo. Infelizmente, estes dois últimos não são tão bem providos quanto os hospitais públicos, tornando inferior a qualidade dos tratamentos e atendimentos à população. Por sua vez, certa parte da população mianmarense evita ir a estes hospitais públicos tanto por temerem os militares quanto por protesto; preferindo ser infectada pelo vírus, não fazer tratamentos ou mesmo não ser atendida.
A China, com medo da população do seu próprio país ser afetada por algum surto do vírus provindo do país vizinho e também para garantir a sua presença no caos político instalado em Myanmar, tem não só enviado vacinas quanto tem também financiado a construção de hospitais de campanha em regiões com maior concentração de rebeldes, onde a população tem se encontrado mais vulnerável à infeccção por Covid. O Myanmar que, nos breves dez anos nos quais pode usufruir de uma frágil democracia em que governos militares e civis se revezavam no poder, havia apresentado uma considerável melhora no seu sistema de saúde público, com a implantação, por exemplo, de campanhas de vacinação em massa contra uma série de doenças, agora assiste novamente ao caos da saúde pública em meio a uma pandemia.
Enviado por Raíssa Wittlich Cortez
Notícia disponível no France 24: https://www.france24.com/en/live-news/20210922-shots-in-the-dark-china-sends-covid-aid-to-myanmar-rebels