O artigo “Pandemia é coisa de cidade” escrito por Paulo Saldiva (médico e professor do Departamento de Patologia da USP) e publicado na Revista Piauí em junho de 2021, apresenta uma abordagem interessante sobre as pandemias: a sua capacidade de alterar a dinâmica dos territórios urbanos. A densidade populacional das grandes cidades favorece a propagação de agentes infecciosos e, à medida que a cidade e o comércio se desenvolveram, epidemias surgiram e modificaram o funcionamento do espaço urbano.
Segundo o histórico descrito por Saldiva, a peste bubônica originou o isolamento social e as quarentenas forçadas. Posteriormente, a varíola resultou no desenvolvimento do primeiro sistema de vacinação. No século XIX, o surto de cólera destacou a urgência da distribuição de água potável nas cidades. A gripe espanhola, no início do século XX, apontou para a necessidade de adoção de medidas sanitárias para além do âmbito regional. A pandemia da COVID-19 enfatiza a dificuldade de controlar a propagação do vírus por meio de medidas locais em um mundo globalizado. Além disso, a tendência do trabalho remoto, da educação à distância e do consumo por aplicativos transforma o cotidiano da cidade e o meio ambiente, a exemplo da significativa redução das emissões de CO2 durante o período de isolamento social. A saúde, conclui Saldiva, requer uma abordagem sistêmica que deve considerar o urbanismo do ponto de vista técnico e humanístico — a maneira como nos relacionamos com o espaço urbano definirá as linhas de ação para o controle de novas pandemias.
Enviado por Anna Luiza Silva
Leia o artigo na Revista Piauí:: Pandemia é coisa de cidade