GT Acordo

“Global health without sexual and reproductive health and rights? Analysis of United Nations documents and country statements, 2014–2019”, artigo publicado no BMJ Global Health

20 outubro 2021

“Global health without sexual and reproductive health and rights? Analysis of United Nations documents and country statements, 2014–2019”, artigo publicado no BMJ Global Health

Nesse estudo, as autoras fazem uma análise qualitativa de 547 documentos de resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e do trabalho de duas de suas comissões, a Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW, na sigla em inglês) e a Comissão sobre População e Desenvolvimento (CDP, na sigla em inglês), publicados entre 2014 e 2019. Elas buscam verificar se houve mudanças na linguagem e no conteúdo relacionado ao tema de saúde sexual e reprodutiva e direitos reprodutivos.
As autoras identificam, ao longo dos anos, o desaparecimento de referências ao aborto e uma mudança na linguagem para se referir à educação sexual, que passou a enfatizar o papel das famílias, além da resistência de alguns Estados em aceitar a agenda de saúde e direitos sexuais e reprodutivos, causando impasses nas sessões.
Isso reflete sobretudo a mudança na política interna dos Estados Unidos, ator primordial no cenário de Saúde Global, que defendeu a “Política da Cidade do México” durante o governo republicano de Donald Trump. Mesmo com a mudança recente de política interna nos EUA, essas ideias não tendem a desaparecer, tendo em vista a atuação de outros governos conservadores, como a Polônia e a Hungria.
Destacam-se, assim, os riscos à manutenção de uma agenda protetora da saúde e direitos sexuais e reprodutivos, não somente nas comissões analisadas, mas no sistema ONU e em outros fóruns internacionais, regionais e nacionais de formulação de políticas voltadas à saúde das mulheres e igualdade de gênero, onde essa coalizão conservadora atua.
O artigo trata de um tema crescentemente relevante na área de Saúde Global, qual seja a urgência em atribuir mais importância às mulheres na governança da Saúde Global, incluindo uma perspectiva feminista que se atente a relações de poder e exclusão no âmbito da Saúde (Wenham, 2021). Nesse sentido, a garantia dos direitos à saúde sexual e reprodutiva é um aspecto central na promoção da igualdade de gênero e na garantia dos direitos das mulheres (WHO, 2021). Assim, visto que há um conjunto de agências da ONU que estão dentre os principais atores influenciando a agenda de Saúde Global (Birn et al., 2016), as conclusões das autoras sugerem que a proteção dos direitos sexuais e reprodutivos e, portanto, os direitos das mulheres, está sendo cada vez mais ameaçada dentro de arenas internacionais muito importantes.

Enviado por Luiza Piazza

ArtigoGILBY, Lynda; KOIVUSALO, Meri; ATKINS, Salla. Global health without sexual and reproductive health and rights? Analysis of United Nations documents and country statements, 2014–2019. BMJ Global Health, v. 6, n. 3, mar. 2021. DOI: 10.1136/ bmjgh-2020-004659. Disponível em: < https://gh.bmj.com/content/6/3/e004659.abstract>. Acesso em: 19 out. 2021.


Outras referências:
BIRN, Anne-Emanuelle; PILLAY, Yogan; HOLTZ, Timothy H. Global Health Actor and Activities. In: ______. Textbook of Global Health. Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 141-192.
WENHAM, Clare. Introduction: Where are the women? In: ______. Feminist Global Health Security. New York: Oxford University Press, 2021. p. 1-29.
WHO. Sexual and Reproductive Health and Research (SRH), 2021. Disponível em: <https://www.who.int/teams/sexual-and-reproductive-health-and-research-(srh)/areas-of-work>. Acesso em: 19 out. 2021.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments