Existe, no mundo da academia e da política, uma tendência à compartimentalização. Assuntos são alocados às suas pequenas caixinhas, muitas vezes com pouca consideração ao que tange suas interconexões – uma abordagem que, frequentemente, é insuficiente para lidar com crises do mundo sensível, onde problemas estão profundamente interligados e demandam respostas que transpassam as fronteiras de áreas de conhecimento. A matéria em questão trata de uma problemática que, nos últimos anos, vem ganhando crescente atenção: a profunda relação entre o aquecimento global e as dinâmicas de saúde. Um evento recente que marca esse processo de mudança nesta ótica é a carta assinada por mais de 200 periódicos acadêmicos da área médica apontando o processo de mudança climática como a grande ameaça contemporânea para a saúde humana. Esta notícia, particularmente, busca colocar luz sobre a possibilidade de expansão de áreas de endemia da malária, na medida que avança o aquecimento global, risco que também pode ser compartilhado com outras doenças de caráter tropical, incluindo as doenças tropicais negligenciadas. O processo pode afetar não só países atualmente não atingidos por essas doenças, mas também regiões dentro de países já afligidos que, por apresentarem climas relativamente mais frescos, atualmente estão sob menor pressão de saúde. Este é apenas um exemplo do porquê a cooperação internacional para a saúde, portanto, tem que abordar uma perspectiva holística em seu debate, uma compreensão totalizante na busca por problemas e suas resoluções. Enviado por Gabriel Alegria dos Santos Reis
Notícia de Oliver Barnes na Financial Times: https://www.ft.com/content/f6fe9de7-00a6-4493-9c8b-3726e945e5f9