O Equador, após as últimas eleições e renovação no comando do país, obteve êxito em transitar, de um estado catastrófico em relação à pandemia, a referência regional em vacinação. No ano de 2020, o país virou assunto internacional após circularem imagens de pessoas abandonadas às ruas devido à superlotação de hospitais e cemitérios. O Estado havia perdido a capacidade de lidar com a situação, tanto em sua estrutura como politicamente – “O Equador teve cinco ministros da Saúde durante a pandemia e tinha vacinado apenas 3% da população, de 17,7 milhões de habitantes.”
Neste cenário de calamidade pública surgiu o espaço para que crescesse a popularidade do atual presidente do país, Guillermo Lasso, que construiu sua base eleitoral se sustentando na promessa da ampla vacinação. As motivações do atual Chefe de Estado são diversas, e sua relação com a população é ambígua. O presidente é visto como conservador, e tem como objetivo a aprovação de diversas reformas trabalhistas e tributárias, além de privatizações. Isso o coloca como antagonista da esquerda e centro-esquerda, que representa a maioria eleita no parlamento, porém conta com uma popularidade sólida de 74,1%, evidenciando como a saúde pública é, hoje, uma arma eleitoral extremamente poderosa.
A relevância dessa questão reside em dois pontos principais. Em primeiro lugar, refletir de que forma a saúde global pode ser enxergada politicamente após a pandemia, é importante entender de que forma as forças políticas irão se apropriar dos discursos nas próximas décadas. E por fim, entender o potencial e a força do papel do governo na ampla vacinação e contenção da pandemia, em um momento que nós, brasileiros, estamos desamparados neste sentido.
Enviado por Victor Ferreira Caruzzo
Notícia disponível no G1: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/09/23/como-o-equador-foi-de-corpos-nas-ruas-a-3o-pais-em-vacinacao-contra-covid-da-america-latina.ghtml