Após quase dois anos de pandemia, houve a oportunidade de aprender empiricamente que somente a vacina não é a grande responsável pela diminuição de transmissão e contágios do vírus Sars-Cov-2, a bala mágica é uma falácia. Foi possível observar que o emprego da imunização de forma conjunta com medidas não farmacológicas como lavagem das mãos, distanciamento e uso de máscara são indispensáveis.
Todas estas medidas juntas possibilitam diminuir as taxas de óbitos e retomar em alguma medida as atividades de vida da população, entretanto, para países mais pobres, como alguns localizados em África, muitas destas medidas são inviáveis devido à inexistência de saneamento básico e de diferentes determinantes de saúde que já implicavam em piora das condições de saúde destas populações.
Na ocorrência da pandemia, países desenvolvidos dispararam na firmação de contratos para aquisição de vacinas e o consórcio Covax Facility, uma aliança internacional para viabilizar o acesso igualitário à imunização, foi um caminho possível para que países pobres acessassem a compra dos imunizantes para a população, no entanto, os países ricos se valeram de todos os meios possíveis para proteger suas populações sem considerar os diferentes cenários existentes e a falta de alternativa dos mais pobres.
A evocação dos privilégios, como no poder de compra mais uma vez mostrou-se potente para apropriação dos recursos, desconsiderando as iniquidades existentes, principalmente na ocorrência da emergência sanitária. Seria justo prolongar mortes e danos às pessoas são historicamente afetadas por tantos acontecimentos? Da forma como os acordos são definidos e do poder de seus atores, a descolonização ou decolonialidade da saúde será uma realidade? Indagações ficam e os problemas também.
Enviado por Letícia Silva
Notícia de Naomi Grimley na BBC: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58983701