A adoção de restrições de circulação baseadas em distinções binárias de gênero foram políticas adotadas em algumas regiões do mundo no início da pandemia de COVID-19, como no Estado do Panamá e na cidade de Bogotá, com o intuito de conter o avanço do vírus nessas localidades. Uma política pública onde a permissão de circulação alterna diariamente entre homens e mulheres é efetiva em controlar a circulação de pessoas e pode ser eficaz em conter a disseminação do coronavírus, desde que acompanhada de outras medidas de contenção do vírus como testagem em massa, distribuição de equipamentos de segurança sanitária, e etc. Entretanto, ela se usa de uma regra binária ultrapassada para os tempos atuais e de um tópico que ainda não é disseminado ou claro para a população geral, nem mesmo para forças policiais e militares que supervisionam e regularizam essa política, que é a identidade de gênero. Com isso, a população trans, população que já sofre constantemente com a ausência de aplicação de políticas públicas focadas para suas necessidades e demandas, se vê diretamente lesada por uma política adotada pelo Estado panamenho. Na notícia, é possível observar as consequências da adoção dessa política para uma pessoa transsexual. A estigmatização e preconceito experienciados diariamente, vindos da população e da própria instituição que detém o monopólio legal da força sobre aquela cidadã, expõe como essa é uma política pública mal formulada e nociva, ficando no limite entre uma falha inocente e uma parte de um projeto nacional de marginalização de grupos“indesejados. Enviado por Matheus Rissoli Antero Loureiro
Artigo de Megha Mohan para a BBC News: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52710374
