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A Pandemic of Inequality: Critical Perspectives from Brazil and the US

14 novembro 2021

A Pandemic of Inequality: Critical Perspectives from Brazil and the US

Neste webinar, organizado pelo Brazil LAB da Universidade de Princeton, a pandemia de Covid-19 é discutida sob a perspectiva das desigualdades que ela causou ou exacerbou. Foram apresentados dados para ilustrar e comparar os casos dos Estados Unidos (estudado pelo debatedor Sir Angus Deaton, laureado com o Nobel de Economia, que estuda as relações entre saúde, renda e desigualdade) e do Brasil (apresentado por Ricardo Paes de Barros, que estuda renda, desigualdade e educação e foi um dos idealizadores do Programa Bolsa Família).

Ao longo das discussões, fica evidente que, em ambos os países, há uma forte relação entre desigualdades de renda e a forma como as infecções e mortes por COVID-19 afetaram diferentes grupos. Além disso, as inúmeras crises que acompanharam a pandemia causaram aumento significativo em disparidades pré-existentes nas áreas de educação e emprego.

O debate realizado no evento é importante, pois, ao aliar as visões dos campos da Saúde e da Economia, provoca uma reflexão sobre a relação entre a pandemia de COVID-19 e a crise do neoliberalismo. Os autores apresentam dados sobre mortalidade, renda, educação e emprego que vão ao encontro do que é defendido por Nunes (2020): a atual pandemia trouxe à tona as fragilidades de um sistema econômico que há anos vem fomentando a precariedade, o individualismo e a desigualdade, tornando todos os indivíduos e sociedades vulneráveis (mas alguns mais que outros).

Além disso, os debatedores tratam de uma questão orçamentária relevante. Eles mostram que os gastos com saúde e programas de transferência de renda, que foram essenciais para a manutenção de uma mínima qualidade de vida para milhões de pessoas, podem ser suscitados futuramente para justificar medidas de austeridade fiscal. Nesse sentido, os autores fazem um alerta que está em conformidade com a crítica feita por Ventura (2016), pois corre-se o risco de haver momentos de “orçamento de guerra”, intercalados com momentos de “trégua orçamentária”, em que são feitos cortes nos recursos necessários justamente para construir estruturas mais duradouras de resiliência às pandemias e seus efeitos.

O evento foi transmitido no dia 30 de setembro de 2021 e está disponível no Youtube, em <https://www.youtube.com/watch?v=tjI9sEiaDv0>, com áudio e legendas em inglês.

Enviado por Luiza Piazza

Referências:
NUNES, J. A pandemia de COVID-19: securitização, crise neoliberal e a vulnerabilização global. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5. 2020. https://doi.org/10.1590/0102-311X00063120
VENTURA, D. Do Ebola ao Zika: as emergências internacionais e a securitização da saúde global. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 32, n. 4. 2016 https://doi.org/10.1590/0102-311X00033316

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