Em matéria de março deste ano sobre estudo publicado na revista britânica “The Lancet”, o jornal francês Le Monde chama atenção para uma dentre as cruéis faces da guerra na Síria: o assassinato de profissionais da saúde e o ataque a hospitais, que, segundo o estudo, se intensificaram no ano passado. Desde a eclosão do conflito, em março de 2011, 814 agentes de saúde foram mortos, enquanto que o número de ataques contra estabelecimentos médicos passou de 91, em 2012, para 199, em 2016 (dos quais estima-se que 94% tenham sido realizados pelo regime de Bachar Al-Assad). Em decorrência do conflito, um êxodo de profissionais da saúde, particularmente de médicos mais experientes, deixou na região jovens com formação incompleta, concentrados nas zonas sob controle governamental. Nas demais regiões, os raros profissionais ainda presentes têm de lidar com a escassez de medicamentos, epidemias e ataques químicos. Para os autores do estudo, a crise síria revela as lacunas nas reações de organizações internacionais, entre as quais a Organização Mundial da Saúde, que elabora uma lista dos ataques perpetrados, sem nem mesmo mencionar os nomes de seus responsáveis.
Enviado por Paulo Trivellato